quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Arte de Viver A Vida


   Ontem, voltando tarde do trabalho depois de outro dia estressante, observei, quase sem querer, um casal dançando agarradinho em pleno calçadão da praia de Ipanema. O rapaz usava uniforme alaranjado de gari, mas com muita dignidade, e trazia um gingado de quem sabia dançar; já a moça, uma mulata de 20 e poucos anos, e sempre atenta aos passos dele, não se mostrava afetada pelos olhares curiosos... e os dois se deixavam levar pela dança, felizes, como se estivessem bailando em pleno ar!
   Mas dançavam o quê, se não havia musica? Eles voltavam do trabalho assim como eu; já deveriam estar em casa, entretanto estavam ali, no calçadão, dançando aquela música imaginária. E na cabeça de todos, uma certeza: aquele casal se amava de verdade, e buscavam expressar esse amor através da linguagem universal da dança.
   Foi então que, naquele momento, me ocorreu pela primeira vez o quanto me ajustara a um estilo de vida sufocante, que sempre me privou de curtir a vida com alegria e simplicidade. E percebi que não é uma simples questão de termos ou não tempo para as coisas: nós é que não sabemos aproveitá-lo ou dividi-lo direito nessa soma de compromissos, agendas e atividades, em que se transformou a nossa própria vida, e com isso não conseguimos impor limites às tentações dos excessos.
   Sim, aquele casal, alheio ao corre-corre e ao tumulto do bairro, me deu ontem, sem querer, esta grande lição de vida, que me fez sentir um misto de gratidão e alegria. Mas  era principalmente a alegria de saber que em cada cantinho deste mundo, há sempre pessoas simples e humildes que estão a nos ensinar, e sem a menor pretensão, a arte de viver a vida.



2 comentários:

Anônimo disse...

é uma arte mesmo... lindo...

Anônimo disse...

cronica muito bonita, pois fala de coisas simples que devemos valorizar.

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