quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Os Valores Humanos Em Ação

Refletindo o tema “Valores Humanos” percebe-se que o homem – ser impar na natureza – precisa cumprir seu papel na terra, a saber, amar e cultivar esse amor, pois sem amor a vida se torna como rio sem nascente e já fadado ao fracasso. E embora se trate de um trabalho que exige força de vontade, perseverança e, acima de tudo, fé na reciprocidade de nossos semelhantes, sempre vale a pena tal empreitada.

É claro que, por vivermos num  mundo capitalista, o desafio tende a ser maior: a sociedade capitalista prega, sabemos, a competição, a individualidade e o egoísmo – componentes perigosos que vão de encontro ao principio da dignidade humana e do amor.

 Além do mais vivemos um contexto social que, antes de mais nada, trata-se com certeza de uma sociedade de pessoas com defeitos e virtudes, sonhos e esperanças.  Mas apesar de tudo ainda é possível a interação entre os indivíduos de uma sociedade; para tanto, cumpre que cada um saiba respeitar o espaço e a privacidade do seu semelhante, além dos seus valores étnicos e morais.

Portanto, a sociedade, pautada em valores fraternos, precisa ter o amor como principio dinâmico indispensável; e este bem comum não significa simplesmente o bem individual, mas o empenho de cada um na busca da realização social das outras pessoas.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Como Cuidar Do Seu Cão Idoso?


Assim como as pessoas idosas carecem de cuidados especiais para continuar vivendo com boas condições de saúde e dignidade, o mesmo se dá com os cães idosos.

O que é um cão idoso?

Em linhas gerais, dizemos que um cão de porte médio é idoso quando ele tem mais de 8 anos; já o cão maior, dizemos que se tornou idoso quando tem mais de 5 anos, isso porque as raças maiores sempre tendem a envelhecer mais rápido do que as raças menores.

Como cuidar do seu cão idoso?

1 -  Alimentação.  Cães idosos geralmente têm uma redução de apetite, diferente dos cães mais jovens que se alimentam bem. A dica é você incentivá-lo a comer pro dar-lhe pequenas refeições diárias, talvez de duas a quatro. deixe-o num local quieto, sem perturbações para comer.

2 -  Obesidade. O cão idoso, por queimar menos calorias, também enfrenta problemas com excesso de peso. Uma vez que ele é menos ativo do que um cai mais jovem, e o seu organismos não tem tanta facilidade em processar alimentos, isso exigirá um ajuste em sua dieta alimentar. Consulte o veterinário, pois é ele quem deve recomendar a dieta.

3 – Incontinência urinária. A incontinência urinária pode ser causada por problemas com a parte do sistema nervoso que controla a bexiga, mas também pode ser devido a problemas no trato urinário do animal, e até próstata ou outros problemas. Se você perceber que seu cão idoso está urinando com muita freqüência, entre logo em contato com o veterinário.

4 – Vacinação. A vacinação regular é indispensável para a saúde de qualquer cachorro, especialmente do cão idoso. Não se esqueça disso!

Com essas dicas simples, mas eficazes, com certeza você contribuirá para que o seu cão idoso tenha uma vida mais longa e saudável.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Canção Da Terceira Idade

  Apesar do cansaço imposto pelo idade
  na casa dos oitenta, há tempos evocamos
  nossa existência em flor - a flor da mocidade,
  por isso acorda em nós uma alegria, e amamos.

  Revivemos assim, sem excessos nem nada,
  aquela fase azul em que a gente crescia:
  tu, moça, alegre e forte, a ouvir minhas poesias,
  eu, moço glabro, a andar, cantando pelas estradas.
  E pela mesma estrada acessível de outrora
  buscamos compreender a mocidade agora,
  em cada gesto a mais de sua gulodice.

  Incorporados Nela ousamos mais um pouco:
  tu, ainda tão firme, eu, um poeta louco
  redescobrindo a vida ao longo da velhice.
                            

       

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Bela Arte De Aprender


   Costuma-se dizer que aprender é uma necessidade humana e que já faz parte da nossa constituição, o que não deixa de ser verdade, pois é através do aprendizado  que conseguimos absorver uma vasta gama de informações e conhecimentos que estão inseridos no meio em que vivemos. Portanto, quando aprendemos a fazer bom uso do nosso conhecimento acumulado, aliado às nossas experiências pessoais ao longo dos anos, estamos adquirindo  a sabedoria que irá nortear as nossas boas decisões e escolhas na vida.
   Mas sabemos que atingir esse estágio demanda muita perseverança e força de vontade, uma vez que o processo de aprendizagem não é fácil e quase sempre exige de nós tempo e dinheiro, sem contar a presença indispensável de instrutores gabaritados.
   Mas as recompensas são muitas. Tanto é verdade que quando vencemos barreiras e evoluímos enquanto seres em aprendências, refletindo nos erros e acertos do passado, começamos a ter uma melhor compreensão do mundo e de  nós mesmos – e isso nos dá  suporte para lidar com todas as adversidades e desafios da vida. Até porque, para  conhecermos melhor o mundo, precisamos antes conhecer a nós mesmos. Em resultado disso passamos a  aceitar com mais maturidade as nossas próprias limitações, e a repensar o nosso papel na conservação dos valores sobretudo morais e culturais da sociedade como um todo.
   Por tudo isso, vale mesmo a pena nos empenhar na  busca dos tesouros do  saber, e acima de tudo compartilhar esses tesouros com aqueles que nos rodeiam, sempre com amor e humildade.
                                                                                                  
















































 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Metrópole


A tempestade de verão  deu o ar de sua graça
vestido de luto o céu da tarde
da minha cidade
outra vez.

Então, sem nem avisar,
um vento furioso,
desses que trazem um cheiro de morte,
principiou a sacudir as árvores antigas
e a tirar o sono da gente.

Porque numa cidade grande
depois da tempestade
nunca vem a bonança,
antes, vêm as enchentes
que todos aguardam com o coração na mão.

Porém nem todos
( quem disse? )
um menino de rua
- cujo nome ninguém conhece –
bem à vista de todos
mergulhou de súbito na rua alagada, entre ratos
e lixos flutuantes,
sonhando talvez com dias mais felizes.

Enquanto isso o governo,
alheio às intempéries lá fora,
jamais perdeu ( ou perderá ) o sono
- sono aliás tranquilo –
de tanto sonhar com a próxima eleição.







terça-feira, 14 de junho de 2011

Desfile de Modas No Brasil


   Deviam ser umas onze horas, por aí, eu estava sozinho em casa naquele alegre domingo de sol, literalmente plantado diante da televisão na sala para assistir a mais um desfile de modas. Aliás, não tenho vergonha de confessar: quantas e quantas vezes meus amigos mais chegados me flagraram  imitando os modelos brasileiros ( eu disse “os modelos”, ouviram bem? ) como se estivesse em plena passarela.
   Mas voltando ao assunto, assistir a um desfile de modas, ainda que pela TV, exige, a meu ver, uma certa percepção, uma técnica, não sei, para se descobrir a legitima modelo de passarela, como quem descobre um novo talento no mundo do futebol perdido em algum campinho de várzea. Porque uma legitima modelo de passarela precisa, antes de mais nada, ter o corpo leve e gracioso, com uma postura correta que marque presença. Também é indispensável que a modelo saiba se incorporar ao estilo da roupa que usa sem sequer ofuscá-lo, e, acima de tudo, ela precisa  aprender a caminhar na passarela com arte, como se pisasse literalmente em nuvens...
    E nesses quesitos, não há dúvida,  a mulher brasileira leva uma ligeira vantagem em relação às mulheres de outros países, porque ela traz desde o berço um gingado especial, que empresta certa cadência aos seus passos, isso sem falar na sua beleza exótica que deixa qualquer gringo babando.
   Por isso mesmo dá gosto pregar os olhos na televisão para assistir a um desfile de modas – e ao vivo, presente ao evento, então, nem se fala! Enfim, que me perdoem os críticos e os manchões de plantão, mas gostar de desfile de modas também é coisa de homem!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Lição Desnecessária


A professora do ginásio
versada em física
cumpre o rigoroso dever do ofício.
                                                       As mãos educadoras aprontam a lição,
ao passo que as pernas provocam.
Todos,
com brilho nos olhos,
não se enfadam
ante o quadro-negro recheado de problemas.
Ninguém repara: os alunos
sonham, à margem dos deveres,
sonhos, prazeres, pecados e pernas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Uma Noite de Tempestade



O que era simples introdução pluvial, de repente
ganha ímpeto e volume: é a tempestade
prestes a desabar fora de hora
para o meu desespero
provável.
Eu não disse?
Já desa
            bou
                   desa
                            bou
num estrondo tremendo, entre
raios e relâmpagos,
assoprando
rompendo
riscando
bramindo,
ao prolongar-se pela janela
                                             do meu quarto escuro,
retumbando/ retumbando.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Incêndio Verde

 

Naquilo que  um dia  foi  uma floresta, onde
o verde prolongava-se nas árvores desafiando o tempo, outras
cores, de repente, precipitaram-se.
Via-se um amarelo em combustão,
via-se um azul...e agora um vermelho,
 que também lambia os galhos das árvores, macabro.

Mas via-se principalmente outra Cor: era
negra negra negra
                             que subia depressa
                                                             subia           
                                                                         sombreando o chão.
Mas ao subir,
                        na incansável dedicação da Morte,  

  ia deixando seqüelas: as cinzas.
                                  

                                              

quarta-feira, 30 de março de 2011

Quebra-Cabeça


Sem alarde, mas pontual
o sol se levanta

distribuindo no oceano
o seu rastro de ouro.

O leão ruge
pra espantar a fome

e o medo brinca
no gemido da presa.

Qualquer grilo ensaia
o seu pulo pra vida

como da torre o relógio
já bem cedo desperta.

A porta se abre
na ânsia de entrar.

Quem bate?
- Uma voz interior pergunta.

Hoje o coelho trabalha
afiando os dentes

os dentes que serão
a fadiga de amanhã!

Mas, e o homem?
- O homem é um coelho roendo a vida

rói rói rói
enquanto o tempo o destrói...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Rotina Doméstica


6 horas da manhã.
Manhã que começa na goela do galo
e na mulher que madruga.

Colheres de açúcar na cafeteira – prepara-se a gosto...
Marido e filhos tomam café.
A rotina  sempre a mesma - im-pla-cá-vel:
casa família família casa.
O dia se esvai na extensão da sala, e ela não vê.
Somente na transversal a noite se mostra, entre
luzes tímidas e móveis adormecidos; mas ela não dorme.

Como um girassol na noite, a mulher
floresce e se entrega pontualmente ao marido.
Rotina.
 Manhã na goela do galo.
Família casa casa família.
O café sobre a mesa... Marido e filhos...
A noite sempre atrás do dia. Rotina.
E nos olhos fundos
aquele estresse certeiro, certeiro...

A mulher, superando-o, se supera.


quinta-feira, 10 de março de 2011

Porque o Mau Inquilino Somos Nós


Por que será que milhares de peixes às vezes agonizam
em rios e mares, à espera da morte?
Porque o mau inquilino somos nós!       
                                       
Por que será que não se respira mais o ar de antigamente,
puríssimo, para a felicidade dos pulmões?
Porque o mau inquilino somos nós!       

Por que será que as geleiras – velhos arranha-céus polares –
agora se dissolvem como castelo de areia?
Porque o mau inquilino somos nós!

Por que será que antes não sentíamos falta dos animais nativos
- esses que hoje já beiram o caos da extinção?
Porque o mau inquilino somos nós!       

Por que será que deixamos vastas extensões de áreas verdes
cederem lugar à ambição das queimadas?
Porque  o mau inquilino somos nós!                                                                                            
                                                                                                                            
Por que será que os rios, onde na infância nos banhávamos,
se mostram hoje terrivelmente assoreados?
Porque o mau inquilino somos nós!       

Por isso, por tudo o que é mais sagrado nesta vida,
e em nome da tua própria existência,
ó Terra, expulsai-nos do teu lar!...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Jornalismo Urbano


Um caso de policia:
moça morena se atira do décimo andar.
Corpo devassado circula na primeira página
e na língua afiada do povo.

Entretanto, na aspereza da calçada,
a moça não parece moça: estatelada,
desfigura-se,
e perde o sentido de ser,
ou de pelo menos ser corpo.

Agora, sepultada, ela sumira para sempre
( sem importância nenhuma )
da memória do povo e dos jornais

que já farejam outra tragédia
ainda mais feia e maior.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Arte de Viver A Vida


   Ontem, voltando tarde do trabalho depois de outro dia estressante, observei, quase sem querer, um casal dançando agarradinho em pleno calçadão da praia de Ipanema. O rapaz usava uniforme alaranjado de gari, mas com muita dignidade, e trazia um gingado de quem sabia dançar; já a moça, uma mulata de 20 e poucos anos, e sempre atenta aos passos dele, não se mostrava afetada pelos olhares curiosos... e os dois se deixavam levar pela dança, felizes, como se estivessem bailando em pleno ar!
   Mas dançavam o quê, se não havia musica? Eles voltavam do trabalho assim como eu; já deveriam estar em casa, entretanto estavam ali, no calçadão, dançando aquela música imaginária. E na cabeça de todos, uma certeza: aquele casal se amava de verdade, e buscavam expressar esse amor através da linguagem universal da dança.
   Foi então que, naquele momento, me ocorreu pela primeira vez o quanto me ajustara a um estilo de vida sufocante, que sempre me privou de curtir a vida com alegria e simplicidade. E percebi que não é uma simples questão de termos ou não tempo para as coisas: nós é que não sabemos aproveitá-lo ou dividi-lo direito nessa soma de compromissos, agendas e atividades, em que se transformou a nossa própria vida, e com isso não conseguimos impor limites às tentações dos excessos.
   Sim, aquele casal, alheio ao corre-corre e ao tumulto do bairro, me deu ontem, sem querer, esta grande lição de vida, que me fez sentir um misto de gratidão e alegria. Mas  era principalmente a alegria de saber que em cada cantinho deste mundo, há sempre pessoas simples e humildes que estão a nos ensinar, e sem a menor pretensão, a arte de viver a vida.



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Linha Vermelha, Rio


Engenharia
engenharia faraônica em linha vermelha.
A linha corta a paisagem de concreto; de repente nos suspende e entra
em nossos olhos urbanos
já adaptados a tanto arrojo de infra-estrutura.

Repara como a linha é prestativa!, tranqüilizando vidas com pressa
de chegar,
desafogando vias inteiras que agora respiram mais aliviadas (?) à hora
implacável do rush, inaugurando um novo tempo.

Veículos desembocam na linha; multiplicam-se. De resto, já são milhares,
desdenhando as estrelas e as formigas.
A cidade afinal encurtamos, hoje ao nosso alcance, e
comunidades esquecidas pelos anos se anunciam, num
passe de mágica.
Bairros surgem e ressurgem, favelas,
prédios e casas brotam do nada, regiões saltam do mapa, tudo
com uma rapidez incrível que nos deixa mais próximos e seguros, tão
seguros que esquecemos a velocidade
nas rodas assassinas de nosso carro.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A Favela e a Corrupção Policial

       A policia carioca fez outra incursão numa grande favela da cidade. O chefão da área desta vez não impôs resistência, e se escafedeu -  pernas pra que te quero! - deixando os comparsas abandonados à própria sorte. Armas e drogas apreendidas, além da descoberta de meia tonelada de produtos contrabandeados do Paraguai, assinalaram o êxito daquela operação.  
       Mas como nesta vida nem tudo é perfeito, e em toda a regra há exceção, a exceção ali também se fez presente sob a figura suspeita de um policial militar. Um brutamontes de meter medo. E dito e feito.
   - Mãos ao alto!... Aqui é a policia... Identifique-se.
   - Pois não, doutor... eu... eu sou morador...  estou apenas descendo pra trabalhar.
   - Qual é o teu nome? Vamos, diga!
   -  Augusto César, mais conhecido como o “imperador do pedaço”.
   - Como? Augusto o quê?
   - Augusto César, doutor... e a seu inteiro dispor... - repetiu o morador, um mulato de boa pinta, abrindo um sorrisinho de piranha.
   - Deixe de besteira, malandro,  e me passe a identidade!
       E como temesse o pior, o mulato abriu a carteira que trazia na mão e sacou o documento de identidade, mas o fez com tanta desatenção que quase deixou cair as duas únicas notas de vinte reais.
   - Aqui está.
   - Vamos ver!... Ok! O nome confere,  pode guardar.                                                
   - Agora posso ir?
   - Calma aí, neguinho!.... Só te libero se você me der um “mônei”.
   -  Não entendi.
   -  Não se faça de bobo:  eu quero dinheiro, MÔ-NEI, e sei que você tem...            
   -  Tá bom, chefia, eu confesso que tenho...Mas são só vinte reais.
   -  Passe pra cá!...
     Reagir?  Numa situação dessas, quem pensaria em reagir? Pior: quem lá na cidade acreditaria na  versão barata de um pobre morador de favela? Porém o morador armou-se de coragem e reagiu. Não botou a boca no mundo, é verdade, mas com um olhar súplice experimentou apelar para o coração filial do brutamontes. E não é que deu certo?
   - Por favor,  não faz isso comigo não! O senhor com certeza tem mãe ou já teve um dia, e sabe como é duro não atender a um pedido de uma mãe sofredora. Com esse dinheiro eu ia comprar um arranjo de flores pra enfeitar o caixão de meu pai, que morreu ontem. Entendeu o meu drama, chefia? Se o senhor tem coração, aposto que  vai entender...
   Por mais que a gente duvide às vezes da generosidade alheia, o policial provou deveras que tinha coração, solidarizando-se:
   - Quantos anos tinha o teu pai?
   - 80 anos.
   - E de que ele morreu, posso saber?
   - Sei lá, doutor. Ele estava sentado na varada de casa, e  de repente deu um troço nele, e pá! caiu mortinho no chão!
   -  Ah... Meus pêsames!... Mas me diz uma coisa: quanto acha que custa um arranjo de flores?
   - Uns vinte reais, por aí...
   Nisso o policial coçou de leva a cabeça; e afundando  a mão no bolso da farda, retirou de lá as duas notas de vinte.
   - Toma aqui esse dinheiro... isso deve servir... Mas é emprestado, ouviu?
   - Ahn...
   - E por favor, não conte nada a ninguém!... Bico fechado, amigo. É que eu não gosto muito de publicidade, contar vantagens, essas coisas...
   - Ok! Entendi. Obrigado... tchau!...
   - Tchau... Mas amanhã eu volto pra acertamos as contas!

 

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Crônica do Papagaio Torcedor


   Este caso aconteceu. Foi lá pelos idos de... de... bom, deixa isso pra lá. A única coisa que posso afirmar com certeza é que o Zico, o velho galinho de Quintino, ainda aprontava das suas nos gramados brasileiros, com lances cada vez mais geniais. Época dourada aquela, em que o amor à camisa alicerçava uma relação mais duradoura da torcida com o jogador, e do jogador com o clube.
   A paixão do brasileiro por futebol o fazia expressar esse sentimento de uma forma desmedida, como em geral ainda acontece. .. Que o diga  Seu Vitorino, torcedor fanático do Flamengo, que tem um longo histórico de amor ao clube. Para ser mais exato, desde que veio ao mundo e abriu pela primeira vez os olhinhos ainda sujos de sangue, viu a camisa do Flamengo no corpo franzino do pai... foi amor à primeira vista... babou de encantamento... e nunca mais esqueceu, porque “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo...”.
   Seu Vitorino casou-se cinquentão. Não teve filho. Aliás, minto: filho teve... não bem um filho humano, mas um papagaio esperto que logo fez parte da família. E de tanto  Seu Vitorino torcer, cantar e comemorar  os louros da vitória , o papagaio acabou aprendendo também a cantar o hino do clube, e de cor e salteado. Bastava ver alguns torcedores cantando e gritando eufóricos, que o bicho imediatamente eriçava as asinhas verdes fazendo coro: “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo...”.
   O Flamengo, que na ocasião papava mais títulos que boca de esfomeado, estava outra vez disputando outra final do campeonato carioca. Seu Vitorino não pensou duas vezes: pegou o papagaio ( seu amigo fiel sempre nas grandes decisões ),  entrou num ônibus e se mandou para a Lapa. Lapa porque desta vez ele ia torcer na casa de uma tia, flamenguista doente, para variar.
   A certa altura da viagem, oito integrantes da torcida rival também tomaram o mesmo ônibus  -  era só o que faltava! -  e já entraram cantando e fazendo uma arruaça daquelas, enquanto ameaçavam de morte um flamenguista lá fora.
   E o que dizer do Seu Vitorino? Este, por pura sorte deste mundo, safou-se porque esquecera a camisa do clube  na máquina de lavar roupa  – o que o fez dar um longo suspiro de alivio!
   Mas então aconteceu: o mudo, perdão, o louro deu o ar de sua graça; e eriçando as asinhas verdes, estufou o peito,  mandando ver: “ Uma vez Flamengo, sempre Flamengo...” Pra quê?  Amigos, o pau comeu!... Aliás, nem chegou a comer direito, porque Seu Vitorino ( Deus sabe como ) conseguiu se desvencilhar daqueles loucos como um jogador de futebol, saindo pela porta  da frente já catando cavaco!...  Mas fugiu, sem nem olhar para trás, porque se olhasse, veria também o papagaio escapar desesperado por uma das janelas dos fundos,  deixando no ar um rastro verde de penas.




                                                               



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Soneto do Amor Doentio

Meu desejo de amar-te é já doença
em que me dano sem saber a cura.
Em vão tento manter a compostura:
tremo só de sentir tua presença.
                                                             
Porém te amo em segredo. Ah! como é dura
a idéia de jamais te pertencer,
a idéia de jamais na vida ter
todo o desvelo teu, toda a ternura!
                                                               
De vencida me leva ( quem diria! )
o teu amor que, sem querer , alcança,
o meu sonho inclusive mais ardente.
                                                                
Pena, meu bem, que ainda és tão criança...
Pena, meu bem, que em tua companhia,
 não passo de um amigo simplesmente..

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Retrospectiva 2010, erros e acertos


    Mais um ano termina. Passou tão rápido, e é como se não passasse; por isso relutamos em jogá-lo na vala do esquecimento. E por que esquecer o que talvez nos custou um ano inteiro de conquistas? Como esquecer a chegada do primeiro filho, a compra da tão sonhada casa própria, a conquista de um emprego, o titulo inédito do nosso time do coração, como esquecer?
    É claro que o ano que passou também nos reservou amargas surpresas. E daí?  Até porque a vida, roseira cheia flores, também nos oferece espinhos. O importante é recebermos  de braços abertos mais um ano que se inicia. 
    Por isso, abrace-o, meu caro, dando o melhor si, vivendo à altura do que seus amigos e familiares esperam de você. E eles não esperam senão isso: que você dê o melhor de si por aquilo que não conquistou ao longo do ano, mas conquistará amanhã. Só desta maneira você e eu aprenderemos ( por que não dizer? reaprenderemos ) com os nossos próprios erros e acertos, tendo bem presente que a felicidade de outros também depende de nossos esforços e exemplos – nós que desejamos  deixar aos nossos filhos e netos o legado de um mundo um pouco melhor do que o recebemos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Aquecimento Global


   O homem é um animal que destrói todo o planeta”. Com esse chavão, dito assim em tom critico, um ambientalista deu por encerrada uma discussão sobre  Efeito Estufa, diante de um grupo de ricos empresários.
   E não é que ele tem razão? Afinal de contas, o mundo está passando mesmo por bruscas transformações, e o homem é, sem sombra de dúvidas o grande protagonista desse caos. O aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra – o chamado “Aquecimento Global”  -  não nos deixa mentir.
   Nem é preciso dizer que ninguém está absolutamente imune às trágicas consequências ( presentes e futuras ) de um planeta doente, e que já padece na UTI.  E daí? Daí que o planeta precisa muito de nós, inquilinos ingratos.
   Mas todos hão de convir que nem sempre é fácil oferecer uma parcela de contribuição quando paises industrializados remam em sentido contrário. Desde a criação do Protocolo de Quioto, por exemplo, que sempre objetivou a estabilização da concentração de gases de efeito estufa , os paises industrializados pouco ou nada fizeram. É que tantos “interesses em jogo” não lhes permitem  tamanha ousadia.
   Pena é que esta atitude egocêntrica que vem de cima, além de constituir um desserviço à humanidade, contribui também para eximir da nossa consciência o peso da responsabilidade coletiva. E isso é uma questão tão séria que não admite meio-termo:  ou todos nós nos unimos, ricos e pobres, em defesa do planeta, esquecendo nossas diferenças e interesses egoístas, ou então seremos cúmplices um dia de nossa própria extinção.